Adoro torresmos e tascos com paredes de cal, emergidas na escuridão, fugindo do sol abrasador de uma tarde de verão. Adoro o sabor da carcaça e do torresmo comprimido, acompanhado por um copo de água suja com borbulhas, simbolo do imperialismo americano, enquanto no fundo do tasco se ouvem as vozes roucas daqueles a que a idade e o "copo 3" cheio não perdoam.
Não é uma sensação nostálgica, é sim uma pequena viagem no tempo ao velho Portugal, aos velhos costumes, ao sitio dos avôs, porque nem sempre foram assim velhos, como nós os recordamos. Ao vislumbrar a porta quase que voltamos ao passado, quase que temos a sensação de ver passar um espada dos anos 60, onde viaja o "doutor" lá da aldeia. Quase que vejo entrar o avô com a mãe ás costas, vestida com uma saia de fazenda, duas tranças e umas sabrinas cor-de-rosa.
Hoje tal sitio é apenas um "tasco" perdido no meio da civilização, entalado entre uma casa "fashion" de artigos "rusticos" e uma pastelaria take-away. Posso mesmo considerar este curioso espaço como ele próprio muito "rústico", que é como quem chama antigo sem ofender.
Da minha janela, perdida de entre as milhões desta cidade ... tenho saudades da "rústica" sandes de torresmos!!!
há dias assim
Há 10 anos
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